Pretos
Velhos
A Legião de
espíritos chamados "Pretos Velhos" foi formada no Brasil, devido ao torpe
comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África, idosos mesmo, poucos
vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e fortes, tanto para
resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego. Porém, foi
esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a ciência
e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de
ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe
natureza. Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços
logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz
sobre o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece,
apenas amadurece. Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se
a nata da sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente
destruidor, como sempre acontece. O ato final da peça que encarnamos no vale da
lágrima que é o planeta Terra é a morte. Mas eles voltaram. A sua missão não
estava ainda cumprida. Precisavam evoluir gradualmente no plano espiritual.
Muitos ainda, usando seu linguajar característico, praticando os sagrados
rutuais do culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se em
indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua ascendência (linhagem),
costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência intríseca da
civilização que se aprimorou após incontáveis anos de
vivência.
Quanto aos nomes,
há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto Velho ser uma miscelânea
de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que
cognominamos "A Idade dasa Trevas" no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas
e quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à
influência portuguesa) não permitia a seus escravos a liberdade de culto. Eram
obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles
seguiram a velha norma: contra a força não há resistência, só a
inteligência vence. Faziam seus rituais às ocultas, deixando que os déspotas em
miniatura acreditassem estar eles doutrinados para o catolicismo, cujas
cerimônias assistiam forçados. Desta aparente ambigüidade passaram a colocar em
seus Deuses Orixásn os nomes dos santos católicos que mais se assemelhavam, daí
o sincretismo.
As crianças
escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A primeira,
ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de acordo com
a ceita. A segunda vez, na pia batistal católica, sendo esta obrigatória e nela
a criança recebia o primeiro nome do seu senhor, sendo o sobrenome composto de
cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Antônio da Coroa Grande, exemplo), ou
então da região africana de onde vieram ( Joaquim D'Angola, Maria Conga,
etc...)
Depois de mortos,
passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para se manifestarem. Ao
se incorporarem, trazem os Pretos Velhos os sinais característicos das tribos a
que pertenciam.
Os Pretos velhos,
considerados nossos Guias ou Protetores (semi-Orixás), somente pelos
Umbandistas, pois na Nação (Candomblés) são considerados Eguns (almas
desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na Umbanda. Podem
usar o preto e branco. O preto porque, quando se morre, fica-se nas trevas
e só com o decorrer do tempo e com preces as almas passam a ter luz; e o branco
por serem almas e todo espírito ser representado pelo branco. Essas cores são
também usadas porque, sendo os pretos velhos almas de escravos, lembram que eles
só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. Temos também
a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha dentro. Essa
Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se
encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os
lugares.
Não é nossa
intenção publicar letras de pontos cantados, pois em nossa opinião fica um vazio
quando não se tem propriamente a música, porém abriremos uma excessão para um
ponto que mais parece um hino, um grito de liberdade, de bondade, de fé, de
resignação, de agonia, de sentimentos profundos e de glorificação. Esse cântico
deveria ser cantado no momento da "chegada" dos pretos velhos, pois seriam uma
homenagem justa a tanto que sofreram:
Yorimá,
Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
Yorimá,
Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
Eles sofreram,
mas ensinaram
Com
persistência, bondade e fé
Enquanto eles
apanhavam
Eles oravam
pedindo à proteção
Para o senhor,
que os castigavam
Sem piedade e
nem coração
Yorimá,
Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
Yorimá,
Yorimá, os Pretos Velhos nós vamos saravá
A Lei de Zâmbi
sempre seguia
Na esperança
do seu passamento
Que um dia
haveria de vir
Pela bondade
de seus pensamentos
Cores: preto e
branco
Comemoração: A
data de 13 de maio é a data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos
escravos), razão pela qual a Umbanda comemora o dia do Preto
Velho.
Citaremos alguns
Pretos Velhos; a cada história encontrada de cada um deles montaremos um link
para que conheçam sua história.